Mamografia, dos raios x ao digital, mudando o destino de pessoas

Luiz Carlos de Almeida e Angela Miguel (SP)

Uma das referências no Brasil na área de Imaginologia Mamária, do diagnóstico a programas de prevenção e rastreamento do Câncer de Mama, o dr. José Michel Kalaf esteve sempre a frente; foi presidente da SPR, marca até hoje presença na Comissão de Controle de Qualidade de Mamografia do CBR, e é um nome obrigatório nos eventos da especialidade em todo o País. Tudo sem perder a fleugma, a palavra sempre conciliadora e o sorriso otimista.

E, nesta edição dos 19 anos do ID, que seria também a da JPR´ 50, trazemos um pouco da história desse professor de radiologia, e prestamos a nossa homenagem a todo o segmento da área de mamografia. De sua clínica em Campinas, onde tem sempre um horário para os amigos, ouvimos um pouco da sua história, que acompanhamos de perto ao longo desse período e, trazemos este perfil mostrando um pouco de sua trajetória e de suas conquistas.

Um dos baluartes da moderna radiologia no Brasil, foi aluno da sétima turma da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Dr. Kalaf acompanhou de perto o surgimento da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR). Natural de Araguari (MG), participou da oficialização do Club Manoel de Abreu (CMA), na cidade de São José do Rio Preto, em 1965, e que originou, junto ao Clube Roentgen, a SPR.
“Sempre procurei estar próximo dos colegas que se aglutinavam em torno da estruturação da SPR, foi algo natural e acabei adquirindo sólida amizade com todos estes colegas, acho que era o elo entre os mais novos e os mais antigos”, reflete.

Assim, chegou à vice-presidência da SPR, de 1975 a 1977, e à presidência, entre os anos de 1985-1987. Sua paixão pela ciência e pelo conhecimento o levou à vida acadêmica e a congressos nacionais e internacionais, trabalhando em especialidades diversas como Linfografia, Flebografia, Broncografia, Laringografia, Colangiografia por Infusão, entre outros. “Fui um dos pioneiros na implantação da Mamografia e da Xeromamografia no Brasil. Adquiri grande experiência em Mamografia Digital de Campo Total, Ultrassonografia Mamária, Tomossíntese e Ressonância Magnética Mamária, resultando em amplo conhecimento de Multimodalidade Diagnóstica em Imaginologia Mamária”, resume Kalaf.

Nesse sentido, Kalaf é autor do livro de Mamografia, em que faz um resgate do processo de desenvolvimento e modernização do exame e discorre sobre a importância da especialização na imaginologia mamária e na aplicação das estratégias necessárias, visando sempre (e sobretudo) a saúde do paciente. Segundo ele, essa área está em constante processo de modernidade e incorporação tecnológica, possibilitando cada vez mais métodos à disposição do imaginologista mamário.

“Graças a proximidade e consolidada integração com a Mastologia e Anatomia Patológica aumentamos a possibilidade de análise e conhecimento com relação a multifocalidade e multicentricidade das lesões malignas demonstrando que estas condições são mais frequentes do que previamente esperado, estabelecendo consenso afim de que decisões delicadas possam ser aplicadas com sucesso em vários pacientes”, afirma.

Após participar da implantação da Comissão de Mamografia do CBR em 1991, é integrante da Coordenadoria da comissão há trinta anos e um dos especialistas em diagnóstico mamário por trás da criação do Grupo de Estudos de Mama em Campinas (GREMAC), em 2019. Sob a liderança da Dra. Carla Cres Lyro, o grupo tem discutido em reuniões periódicas diversos conteúdos científicos sobre a diagnóstico radiológico, com relatos e apresentação de casos, compartilhamento de experiências e revisão deliteratura. As reuniões acontecem a cada primeira segunda-feira do mês na sede da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas e está aberta a todos os especialistas interessados.

Em constante avanço
Mesmo que o Brasil esteja entre os países com os índices mais baixos de câncer de mama – o País está situado na segunda faixa mais baixa, ao lado de EUA, Canadá e Austrália –, ao mesmo tempo, figura na segunda faixa mais alta dos países com maior incidência da doença. Esses dados provam que o sistema de saúde está salvando vidas, mas ainda muito mais pode ser feito. Para isso, reforça Kalaf, o diagnóstico precoce é essencial para um tratamento mais efetivo. Dessa forma, avanços da Inteligência Artificial (IA) podem ajudar nessa luta diária.

Jose Michel Kalaf relembra que a IA é definida como a teoria e o desenvolvimento de sistemas de computação capazes de percepção visual, reconhecimento de fala e decisões a serem tomadas com tradução em línguas, sendo o componente mais importante o chamado aprendizado de máquina. “Essa excitante tecnologia incorpora modelos de computação e algoritmos que são similares à função do sistema neural do nosso cérebro, são os achados modelos neurais artificiais. Quando estes sistemas neurais possuem dados digitais tem a liberdade de aprender e alterar sua estrutura de forma similar ao nosso cérebro”, emenda. 

Ainda de acordo com o médico, “ao longo dos anos aprendemos que o conhecimento com sistematização padronizada constitui ferramenta exponencial em nossa atividade. Assim hoje, temos experimentos avançados de que um modelo de Inteligência Artificial dedicado a análise de Mamografia pode ser utilizado em ensaios clínicos para facilitar diagnóstico precoce de câncer mamário, tumores pequenos são mais fáceis de tratar reduzindo sobremaneira a mortalidade e a morbidade. O padrão de excelência de atendimento em Mastologia consiste em exame clínico aprimorado e rastreamento mamográfico criterioso, neste sentido a Inteligência Artificial agrega substancial implemento científico”, finaliza.

Fonte: Interação Diagnóstica

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