Câncer de Próstata e Ressonância Magnética de Alto Campo

No Brasil o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens. Segundo Instituto Nacional do Câncer, em 2018, esta doença teve prevalência de 68.220 casos novos. 

Considerado um câncer de terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, pela melhoria da informação e pelo aumento da expectativa de vida.

A suspeita diagnóstica geralmente é feita com a combinação da dosagem sanguínea de PSA e o Toque retal. Tais exames devem ser feitos, preferencialmente, em todos os homens acima de 50 anos ou acima de 45 anos com histórico familiar de câncer de próstata.

A biópsia de próstata transretal guiada por ultrassom é o procedimento padrão para confirmar o diagnóstico de câncer. Porém, este método é invasivo e tem sua limitações, pois é feito pelo médico sem a visualização clara da lesão e de forma aleatória.

No entanto, de alguns poucos anos para cá, o exame de Ressonância Magnética Multiparamétrica (RMmp) da Próstata vem demonstrando cada vez mais importância no auxílio diagnóstico, principalmente na avaliação de pacientes com alterações no toque retal e/ou dosagem do PSA. Entretanto, isso não significa que todos os homens devam realizar este tipo de ressonância magnética. Ele deve ser feito somente com a indicação do urologista, que, baseado em sua avaliação, decidirá ou não pelo exame.

Recentemente no início de 2019, a Sociedade Urológica Européia, instituiu a RMmp da Próstata como exame preconizado pré-biópsia para pacientes suspeitos para câncer, permitindo uma redução das biópsias desnecessárias em quase 30% e uma maior acurácia nas biópsias, quando orientadas por este exame.

Além disso, quando o diagnóstico de câncer prostático é confirmado pela biópsia, a RMmp da Próstata auxilia no estadiamento da doença, permitindo ao médico urologista, uma melhor definição do tratamento.

Atualmente, nós, da RADIOLOGIA CLÍNICA DE CAMPINAS – RCC, utilizamos a Ressonância Magnética de 3.0 TESLA – SIEMENS® SKYRA®, com bobina de superfície (“body coil”) com 30 canais, para obter melhor informação anatômica e bomba injetora automática do contraste paramagnético (gadolíneo). Não utilizamos sonda (bobina) endorretal, visto que os aparelhos mais novos nos permite uma alta qualidade das imagens.

Câncer de Próstata

Para o questionário prévio que antecede este exame, ressaltamos:
1. após biópsia de próstata o exame deve ser realizado após 6 a 8 semanas da data do procedimento.
2. jejum de 4 horas 3. preparo intestinal com uso de laxante retal, visando o esvaziamento da ampola retal para otimizar o exame de ressonância magnética.

O Estudo de RMmp da Próstata consiste em imagens anatômicas da próstata (imagens volumétricas ponderadas em T2), aliadas com técnicas funcionais, difusão e realce dinâmico pós-contraste (perfusão), permitindo uma maior detecção de lesões, principalmente de tumores clinicamente significativos e mais agressivos.

Estas lesões prostáticas, que são evidenciadas ao estudo de RMmp, são classificadas seguindo orientações de uma normativa mundial chamada PI-RADS (“Prostate Imaging – Reporting and Data System”), validada, principalmente, pelo Colégio Americano de Radiologia (ACR) e a Sociedade Radiológica Urogenital Européia (ESUR).

Desta forma, há a possibilidade de adequada avaliação da doença prostática com alta resolução espacial e de contraste, superando qualquer outra modalidade diagnóstica.

Os principais propósitos da RMmp da Próstata são:
1. Auxílio diagnóstico.
2. Orientação de biópsias
3. Estadiamento do câncer de próstata.
4. Acurado mapeamento da extensão da doença
5. Auxiliar as opções de tratamento
6. Avaliar recidivas locais, podendo ou não estar associado a outros métodos de imagem, como PET/CT-PSMA.

Além destes informes de grande valia, a RMmp possibilita ao Urologista uma melhor comunicação com o paciente, pois a localização da lesão e sua extensão estão adequadamente demonstradas.

Câncer de Próstata

Referências bibliográficas
1. Mussi TC. A ressonância magnética multiparamétrica de próstata nos dias atuais. einstein
(São Paulo). 2018;16(2):eMD4408
2. The compilation of the complete Guidelines should be referenced as: EAU Guidelines. Edn. presented at the EAU Annual Congress Barcelona 2019. ISBN 978-94-92671-04-2.
https://uroweb.org/guidelines/compilations-of-all-guidelines/
3. Prostate Imaging Reporting and Data System Version 2.1: 2019 Update of Prostate Imaging Reporting and Data System Version 2 Turkbey, Baris et al. European Urology, Volume 76, Issue 3, 340 – 351
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6. American Journal of Roentgenology. 2019;212: 839-846. 10.2214/AJR.18.20498 Read More: https://www.ajronline.org/doi/abs/10.2214/AJR.18.20498
 
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